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Agra (E o sensacional Taj Mahal)


Bem, passou um ano.

Na realidade, passou um ano, passou uma viagem à Suíça, aos Alpes Franceses e passou uma MARAVILHOSA viagem ao Brasil.

Mas não faria sentido ter visitado o Grande Taj Mahal e não falar nele. Nem ter demorado tanto tempo para o fazer.

Ao sair de Jaipur, passei de carro por Fatehpur Sikri (cidade pela qual fiquei fã - publicação anterior). Segui depois até Agra também de carro. Já me tinham avisado que a cidade não tinha muita coisa para ver, o que estranhei, tratando-se da cidade onde está uma das Sete Maravilhas do Mundo.

Porém a realidade é que a cidade está em muito mau estado, muito suja e tem demasiada gente pobre para um coração aguentar. Pelo menos o meu. Disseram-me em tempos que sou extremamente sensível em relação às viagens que faço. E sim, sou. Mas não sei ser de outro modo. Se é para viajar e conhecer o lugar, as gentes, a cultura, tenho que imergir no local. E de todo que saberemos lidar com a diferença ao primeiro impacto. É difícil e em alguns momentos doloroso. Mas a margem de aprendizagem é exponencial.

Fomos ter directamente à entrada para o imenso espaço onde se encontra o Taj Mahal. Após passar pela zona de segurança e termos pago uma boa quantia por sermos estrangeiros, fizemos o percurso até à entrada para os jardins do túmulo num pequeno eléctrico. Nessa avenida não faltam espaços de venda, podem fazer o percurso a pé se preferirem.

Lembro-me de pensar na altura que o espaço era enorme, mas não tinha noção de quanto aquilo passava a minha realidade do momento. Depois de passarmos várias entradas e de um percurso interminável até à "entrada" principal, tive a primeira imagem daquele sonho. Do lado de fora dos jardins do túmulo, começa a ver-se um ponto branco ao longe. E com cada passo, o ponto passa a ser maior e cada vez mais nítido. Acho que é aí que o coração enche completamente, naquele trajecto de segundos em que se vê a imponência do Taj Mahal.

É lindo sim! Transmite uma paz indescritível. Entrar dentro daquele edifício é como ser transportado para outra realidade.

Sendo um túmulo, temos que nos descalçar para entrar. Há um espaço nas laterais antes das escadas, onde poderão deixar o vosso calçado. Funciona como um bengaleiro, mas para quem queira, podem andar com o calçado num saco ou na mão.

Poderia tentar descrever a sensação de estar naquele lugar, com toda a multidão por detrás, as imensas fotografias que se tiram para tentar captar aquela beleza... Mas iria repetir-me vezes sem conta, por isso sem dúvida é um espaço que merece uma visita. Tem uma energia própria muito potente.

Curiosidades: O Taj Mahal foi construído em memória da esposa "preferida" falecida de Shah Jahan. Ela era chamada de Mumtaz Mahal (A jóia do palácio), daí o nome. Contém os dois túmulos, o dela que está ao centro e o dele colocado posteriormente. Dizem que o plano inicial era construir outro do outro lado do rio, em mármore preta, para se poderem olhar para toda a eternidade. Por quezílias com o filho que tomou o poder, não se chegou nunca a iniciar a construção. Feito em mármore branca e incrustado de pedras semi preciosas por todo ele. Nada é pintado, todos os pormenores foram feitos geometricamente à mão. A cúpula contém fios de ouro. Tem duas mesquitas idênticas de cada lado, em granito vermelho, que contrastam com o seu branco natural. Consoante a altura do dia, com o contraste da luz, ele vai alternando a sua tonalidade - branco, laranja e rosa. Diz a história que todos os pormenores representam o amor de Shah Jahan à sua esposa falecida e o sofrimento que foi vê-la partir.

A imponente entrada para o Taj Mahal - Aquele rectângulo à volta da porta principal tem dizeres indis, o engraçado é que apesar de parecer, o tamanho dos caracteres não é igual. Foi feito de propósito assim para se conseguir ler a grandes distâncias.

Esta preciosidade pode desaparecer em alguns anos, devido à poluição do Rio Yamuna, caso não se tomem medidas para descontaminar o rio. Por falta de água as fundações estão a apodrecer e os insectos a aumentar, poluindo o Túmulo.

Sabem a expressão "um burro a olhar para um palácio"'? Foi como me senti. Minúscula, sem reacção, sem entender bem na altura o que estava a ver e a tocar. A energia do local, a luz que emanava, os pormenores... todas aquelas sensações misturadas. É realmente algo que não se esquece.

Este monumento representa uma história de amor. Mas tem por detrás da sua construção muito sacrifício e não amor pelo próximo. Quando por curiosidade quis procurar mais informações sobre a sua construção fiquei meio escandalizada com todos os horrores que li, pensando em todas as pessoas que perderam a vida por aquela construção e por tudo aquilo que ela na realidade deveria representar. O Taj Mahal é uma boa forma de resumir a Índia: Um misto de emoções que não sabemos como lidar na altura. É tudo demasiado diferente do que é considerado normativo e por vezes dói, porque não compreendemos. A grandiosidade dos monumentos contrasta com a pobreza das ruas e daqueles que os edificaram. Ou seja, o bonito, às vezes magoa. E não tem que ser algo mau, há que saber lidar com todas as dores. Olhar para as fotos que tirei daquele local agora, ainda me deixam num misto de sensações. Contudo posso afirmar agora que voltarei sem dúvida. Que o egoísmo não nos cegue de fazer o correcto.

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