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Índia - O começo


Passou um mês.

Sempre quis ir à Índia, era um dos meus destinos de sonho. Pelas cores, pelas músicas, cheiros e sorrisos que me habituei a ver nos filmes durante a minha infância. A Índia sempre me fascinou, era um mundo mágico e foi um dos impulsionadores para estudar Antropologia. Estava extremamente feliz e entusiasmada.

Contudo, apanhei um tremendo choque. Porque garantidamente não estava à espera de ver e ser confrontada com o que vi e ouvi. Compreendi que tinha idealizado uma pequenissima parte do que era realmente a Índia.

E aí questionei. Questionei muitas das certezas que tinha. E ainda estou nesse processo.

Perguntei-me se seria problema meu, tendo em conta que o país tanto me tinha para oferecer a nível de diversidade. Que estaria a ser uma terrível antropóloga por não compreender. E estive semanas assim.

Aceitei depois que como humana não podia questionar o sentimento de impotência que aquele local me deixou. E compreendi que foi esse questionamento que me fez admirar esta disciplina, o questionamento pelo outro, intelectual e moralmente.

Não era um problema com a diversidade do país, mas sim pela forma como as pessoas se tratam umas às outras.

O que estava em causa era a forma como durante os 26 dias que lá estive não me abstrai das pessoas e dos seus olhares. E aí sim foi marcante.

A Índia tem uma aura própria. E quem se conseguir abstrair da dose de realidade contínua, conseguirá aproveitar a beleza que o país tem para oferecer.

A Índia tem todo um potencial encerrado em si mesma.

O país tem uma história potentissima. Tem uma cultura para lá do inimaginável. E lá estando compreende-se a força que a crença tem.

A crença é o seu pilar. Organizam-se centrados nela e na esperança que têm nela.

A aprendizagem não foi fácil, não foi sempre bonita nem suave. Mas tornou-se uma viagem que não poderia ter deixado de fazer e que percebo que era essencial para a minha formação. Que alimentou ainda mais a minha curiosidade. Porque percebi que nada conheço até lá pôr os pés. Nada sei até o ver. E não sei dizer o que sentir até ser tocada. E a Índia sabe como tocar nas pessoas. Seja de que forma for.

Cheguei a Déli e fiz um voo para Jaipur. Estive uma semana em Jaipur. Segui para Fatehpur Sikri e Agra, de carro. Apanhei comboio em Tundla até Varanasi onde permaneci outra semana. Segui novamente de comboio até Déli onde fiquei mais outra semana, até o voo para Istambul e daí regressar a casa. Em futuras publicações irei descrever cada um dos sítios onde estive, dando algumas dicas.

Assumo que a cidade que mais me marcou foi Varanasi.

O principal motivo foi que me deu o ânimo que tinha perdido após a primeira semana de viagem.

Percebi que quando já não estás à espera de ver mais nada, começas a reparar no que realmente importa. E aos poucos, percebes o lugar e aquilo que ele representa. Vou deixar algumas fotos em resumo da viagem.

Espero voltar um dia. Já sem imagens distorcidas nem sentimentos vagos para conseguir aproveitar todas as experiências que me passaram ao lado, por incapacidade minha de as ter.

Sabem qual foi para mim a melhor parte desta viagem? O voltar a casa. Mais ou menos rica. Magoada ou com saudades.

O sentimento de voltar a casa e de voltar ao amor é impagável. Nunca senti tanto amor por Lisboa como nesta viagem.

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