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Jaipur - A cidade Rosa

  • Writer: Glória Martins
    Glória Martins
  • Nov 3, 2016
  • 6 min read

Aterrei em Jaipur dia 23 de Agosto.

A primeira memória que tenho é um misto de excitação com confusão. Sabia que não percebia aquele local, mas estava tão entusiasmada de ter chegado que tudo me parecia ainda maravilhoso. Aquela sensação de chegar a um local novo é sempre um cliché: Sabes que daí a uns dias estarás a olhar à tua volta de forma diferente, contudo naquele momento parece que tens 5 anos e que te puseram um livro à frente, só que ainda não o consegues ler.

Recordo-me de fazer a viagem do aeroporto até ao hotel sem tirar os olhos da janela. Fui contando todas as vacas que vi, como se fosse o único momento de captar visualmente tudo o que me fosse estranho (Para mim as vacas na rua era algo estranhíssimo).

Ao chegar ao hotel, no alto da minha sapiência achei que já tinha tido um mini curso de tudo o que iria ver na Índia (Gigante erro).

Fui super bem recebida.

A primeira semana em Jaipur foi marcada pelo 4º Campeonato Asiático de Corfebol, modalidade que pratico. Por isso tive a sorte de poder conviver com pessoas de outros locais que também visitavam a Índia pela primeira vez.

Ou seja, o período que estive em Jaipur, estive quase sempre acompanhada e fiquei num hotel juntamente com as equipas.

Sabem quando vos dizem sempre como o trânsito é caótico na Ásia? É pior do que isso. Aquilo é genialmente caótico. Porque eles conseguem compreender-se no meio daquela confusão. Algo que vão notar e que não terão saudades: O som das buzinas.

Inicialmente tentei perceber qual seria a lógica. Desisti ao fim de três dias. Porque não há uma lógica. Eles buzinam porque sim e pronto. Na teoria é para avisar os outros carros que estão ali, mas mesmo quando tal não acontecia, apitavam, portanto a teoria foi por água abaixo. A parte boa é que nunca se sentem sozinhos :)

Começou a ser problemático para mim quando percebi que além das vacas, que era a única coisa que tinha realmente prestado atenção durante o primeiro percurso de carro, era impossível não ver as pessoas. A quantidade soberba de pessoas que vivem e sobrevivem nas ruas. Atenção, obviamente que estou a dar importância aos momentos marcantes para mim. E o que foi marcante foi perceber o quanto essa pobreza é aceite por todos. E alimentada e mantida. Pode parecer estranho dito desta forma, mas é a pura realidade. Sair à rua é levar recorrentemente com um murro no estômago e questionar o quanto somos gananciosos. Todo o santo dia. E isso marca-te. Vou tentar abstrair-me disso nesta publicação porque quero que também tenham acesso às coisas boas que a Índia tem a oferecer. Num mundo paralelo em que tudo fosse mais justo, teria todo o potencial de ter sido uma viagem de sonho. Incoerente? Talvez. Foi como me senti durante quase toda a viagem! Falemos de Jaipur. É a capital do estado de Rajastão e conhecida como a cidade dos Marajás. Conseguem imaginar uma cidade de uma só cor? Em que os prédios, palácios e edíficios circundantes têm um só tom? Rosa! Parecia saída de um conto de fadas. Toda a zona central da cidade é cor de rosa. Foi pintada inicialmente em 1876 pelo Marajá para a visita do príncipe de Gales e desde então é pintada regularmente. Com uma mística única, esta cidade indiana tem vários monumentos de tirar o folgo. Aconselho vivamente a visita ao City Palace, no centro da cidade. O marajá ainda vive no palácio e quando se encontra lá, colocam a bandeira do país hasteada. Poderão encontrar um palácio super colorido, onde obviamente o rosa predomina.

Um dos principais pontos turísticos é o Hawa Mahal. Traduzido é "Palace of Winds", foi construído para que as mulheres reais pudessem olhar para a rua sem serem vistas. São dezenas de janelas trabalhadas que tem um efeito imponente por quem ali passa.

Os meus preferidos? Sem margem para dúvidas e quem acompanhou as publicações no Instagram decerto que percebeu: O Amber Fort e Palace. São Lindos de morrer! O acesso é fácil, mas não central. Fica fora do centro, mas acreditem, compensa o esforço da viagem. Se forem de carro ou tuk tuk, poderão ficar junto ao portão principal. Aí têm duas opções. Ou sobem a pé a Amer Road ou de elefante. Fiz das duas formas. E apesar de ter sido opção minha, rapidamente percebi que o elefante foi uma péssima escolha. Queria ter aquela experiência, mas o animal estava estafado e senti-me horrorosamente mal por estar a alimentar aquele negócio. Ou seja, se não tivesse passado pelo processo, possivelmente teria ficado com isso a moer-me, quando o fiz, quis logo parar o trajecto e fazê-lo a pé. Por isso o que vos posso dizer é que, neste momento não o repetiria.

A Amer Road é uma estrada íngreme de acesso ao Amber Palace. Está rodeada por montes verdes, com algumas zonas trabalhadas, o que torna a subida maravilhosa de ver.

Para quem ficar no início do rio, antes de chegar ao portão de acesso, podem pagar por um jipe que vos levará pelas traseiras, até ao pátio do palácio.

Recordo-me que ao entrar no pátio tive outro choque - Não faltavam pessoas ali. Em todo o lado se via vendedores ambulantes, crianças e famílias a pedir. Passei por uma família de duas meninas e mãe. A criança mais nova era estupidamente bonita. Foi impossível para mim não sorrir para ela e tive em volta um riso tão genuíno, que me fez ir ter com elas e pedir para a fotografar. Sim, tive que lhes dar dinheiro e ela estava ali para isso, mas foi o primeiro sorriso genuíno que tinha visto desde que chegara (não que me sinta orgulhosa de mais uma vez ter alimentado aquele processo).

É nesse pátio, caso se consigam desenvencilhar dos vendedores que podem adquirir os bilhetes de acesso ao palácio. Preparem-se para gastar dinheiro sempre que quiserem entrar em algum lado. Os estrangeiros pagam e bem o acesso, para não falar da quantidade de vezes que vos tentarão burlar dentro dos monumentos. Na maioria das vezes os próprios militares que deveriam estar lá para vos ajudar. Por via das dúvidas, não falem com eles. Irão dizer-vos que vos mostram uma zona de difícil acesso e quando derem por vocês, têm que lhes pagar para vos trazer de volta. Não é simpático. Dentro do palácio, só posso dizer que quem gosta de arquitectura, vai amar. Todas as salas são diferentes e bastante bonitas.

Uma das qualidades da Índia sem dúvida nenhuma é a sua arquitectura. São absurdamente surreais. De todas as vezes que entras em algum lugar, consegues surpreender-te. Seja pela vista, pela forma como foi desenhado, pela simetria ou porque decidem fazer uma sala de espelhos irreal. Podem perder horas no Amber Palace e Fort. É mais que merecido.

De passagem ao Amber, passamos pelo Water Palace. Não quero estar a repetir-me, mas irá acontecer muitas vezes, porque é mesmo surreal. Um palácio no meio de um lago.

Mesmo escrito, continua a ser absurdo de tão bonito que é. Uma pena ter sido abandonado faz anos. Pelo que percebi, neste momento é ou será um hotel. Junto a este palácio, há umas estátuas muito bonitas a retratar um pouco da história do Rajastão. Também aqui não faltam pessoas a chamar-vos a atenção. Desejo-vos boa sorte para se conseguirem abstrair de tudo o que vão ver e ouvir.

Não quero que esta publicação fique demasiado grande (que já está), por isso irei partilhar no final algumas histórias que foram acontecendo por todas as cidades por onde passei.

De uma maneira geral, Jaipur deve ser visitada. É uma cidade (dentro dos possíveis) agradável, com lugares muito muito bonitos. Só enumerei os que para mim me tocaram mais, mas não faltam pequenos templos e mercados espalhados pela cidade que devem visitar. Sempre que possível, antes de sairem para a rua, tentem informar-se de quanto custa um tuk tuk para o local para onde querem ir. Se já estiverem preparados com um valor, torna-se mais fácil regatear. Caso contrário, serão recorrentemente aldrabados. O mesmo nos mercados. Preparam-se para regatear. Muito.

Em relação à comida: Aproveitem!! Se há algo que sinto muita falta é daquela cozinha fantástica e dos seus mil sabores.

Ficam algumas fotos da cidade.

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