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Faces of Korfball

  • Writer: Glória Martins
    Glória Martins
  • Nov 9, 2016
  • 3 min read

Assisti incrédula à nomeação de uma pessoa machista, racista, homofóbica e xenófoba como presidente de um país considerado uma potência mundial e assim sendo, um exemplo a seguir por outros.

O que me motivou ainda mais a escrever sobre algo que há muito queria falar:

Corfebol (traduzido para Português).

Quando refiro a modalidade que pratico, há sempre os comentários da praxe: "Porque é que praticas isso? Ninguém conhece.", "Ah! Isso é aquele desporto em que lançam à padeiro?", "Quem não sabe jogar à bola é que vai jogar a isso, esse jogo é para maricas.", "Meninas a jogar também? Devem ser todos totós."

Comecei a praticar Corfebol pelo mesmo motivo que ainda o pratico hoje em dia: Pelas pessoas.

Tinha 15 anos quando comecei.

Chamou-me a atenção a modalidade ser mista. Poderia conciliar os meus colegas num só jogo, sem termos que nos segregar. Odiava que me dissessem qual era a modalidade que eu podia ou não praticar, por ser menina. Como se ter nascido menina me tornasse menos válida para o que bem entendessem. Com o Corfebol, essa justificação deixou de ser válida.

Ao longo dos anos permitiu-me aumentar exponencialmente o meu leque de amigos.

Conheci pessoas muito diferentes, ricas em histórias e em vivências.

Acima de tudo aprendi o que de melhor este desporto tem para oferecer: a aceitar pessoas.

Com as suas diferenças, incapacidades e falhas.

De outros locais e nacionalidades. Com outras ideias. Com outros objectivos. Mais altos/baixos. Mais atléticos/fracos. Por vezes mais brutos.

Mas homens e mulheres a jogarem juntos e a ajudarem-se em prol da sua equipa: Não vejo este desporto de outra forma.

Nem me vejo tão cedo a deixar de o praticar.

Não só pela competição que me está no sangue.

Nem que ganhe dinheiro com isso.

Mas porque ganho algo que transcende tudo isso - amor. Amor e respeito pelas pessoas que jogam comigo.

Porque se não for assim, não valeria a pena as horas perdidas em pavilhão.

Amor e respeito pelo tempo, pela ajuda que todos dispensamos e gratidão por tudo o que já aprendi com as pessoas com que partilhei o mesmo espaço. Por me tratarem como igual. Somos todos iguais.

Treinamos Corfebol. Mas aprendemos todos os dias muito mais que isso.

Lidamos com pessoas. E formamos pessoas. Jovens que daqui a uns anos estarão a formar outros jovens. E se continuarem a transmitir amor e respeito, então o trabalho terá sido bem feito.

O Corfebol continua a ser a única modalidade colectiva praticada o tempo todo de forma mista.

Trata-se de prática de igualdade em todo o tempo de treino e de jogo.

Uma partilha de interesses e vontades deixadas no mesmo pavilhão.

Homens e mulheres juntos a competir. Meninos e meninas juntos a competir. Pais e mães juntos a assistir.

E os valores inerentes à sua prática são enormes. Podendo ser apreendidos de forma saudável e divertida.

Comecei a competir por um motivo: Pelas pessoas Por pessoas que passaram a amigos. Por eles, não consigo deixar de o fazer.

Por aqueles que deixei em clubes por onde passei, aqueles que conheci como adversários ou em terras longínquas.

E por os que tenho neste momento ao meu lado no clube que defendo.

O Corfebol é praticado por pessoas. Pessoas essas que todos os dias dispensam várias horas do seu dia para garantir e fazer as coisas acontecer, quase sempre por amor ao desporto que praticam. Libertam horas do seu dia para treinar, para jogar, para ajudar, por uma modalidade bonita de se ver. Com um objectivo em comum por mais diferenças que existam entre nós.

Sejam dirigentes, atletas, árbitros ou treinadores. Sejam pais ou presidentes.

Todos temos em comum o amor a este desporto. E não a uma carteira cheia.

É algo maior que isso. É igualdade em estado puro. São pessoas.

Que não se perca o amor e o respeito nesta modalidade. E por esta modalidade. Que continue a ser um desporto justo.

Este texto é para agradecer todos aqueles que todos os dias tiram horas do seu dia a manter o Corfebol.

Para aqueles que ajudam a formar jovens e a manter este desporto em pé.

Para aqueles que acreditam que a igualdade pode ser mantida dentro e fora de campo.

Por no fundo, sem por vezes saber, ajudarem a tornar este mundo um pouco melhor.

Um pouco menos machista, menos racista, menos homofóbico e menos xenófobo.

E neste momento, os receios apaziguam.

E sinto orgulho. Como mulher.

Obrigada.

(When we are friends, we are family - CRCQL) *

 
 
 

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